...poderia ter sido uma história de amor (II)
Por entre a camada esponjosa de nuvens, o sol espreguiça os seus longos braços luminosos por sobre o mar e ilumina: o mar envolve a areia num abraço carnal, seguro, mas o sol e a lua andam fugidos ou desencontrados, buscam-se no céu, mas na manhã em que um aparece a outra foge, e na noite em que um se vai a outra regressa. Na areia junto ao mar moldam-se as formas dos pés de um homem e dos pés de uma mulher; sentaram-se ali, naquele monte de areia; e agora, a maré subia e inundava as palavras dessa história por contar.
Havia sete noites que a poetisa estava em casa. O seu rosto era pálido, de um branco quase doentio, uma tonalidade frágil, como uma boneca de porcelana. Os seus olhos castanhos fixavam o tecto com o olhar profundo de quem sente vida nas coisas mortas. Havia sete noites que não escrevia. Nessa noite não escrevera ainda.
Não se sentia bem, nem sequer se sentia melhor do que nos dias anteriores, e porém sentiu-se de tal maneira atraída por esse mar que levitava lá ao fundo que não resistira ao chamamento: saiu de casa nessa noite. A noite estava fria; as ruas desertas. Aquela era uma pequena vila piscatória que se enchia de turistas no Verão e de silêncio no Inverno. A poetisa chegara à praia; descalçou os chinelos que trazia, embrulhou-se melhor no casaco. Andou à beira-mar. Sentou-se na areia.
Sorriu. Tinha uma certeza - ou melhor um sentimento subjectivo e sem sustentação, mas na altura não lhe parecia haver qualquer diferença - de que alguém iria ali estar ainda naquela noite. Depois olhou. Talvez... e deixou-se enlear num desse agradáveis mantos de ilusões, como quem lê um romance ou vê uma pintura.
Havia tantas palavras por dizer, tantos versos por escrever! Com um ramo de madeira, começa por escrevinhar um poema. O último verso deixa-o. Por escrever.
Havia sete noites que a poetisa estava em casa. O seu rosto era pálido, de um branco quase doentio, uma tonalidade frágil, como uma boneca de porcelana. Os seus olhos castanhos fixavam o tecto com o olhar profundo de quem sente vida nas coisas mortas. Havia sete noites que não escrevia. Nessa noite não escrevera ainda.
Não se sentia bem, nem sequer se sentia melhor do que nos dias anteriores, e porém sentiu-se de tal maneira atraída por esse mar que levitava lá ao fundo que não resistira ao chamamento: saiu de casa nessa noite. A noite estava fria; as ruas desertas. Aquela era uma pequena vila piscatória que se enchia de turistas no Verão e de silêncio no Inverno. A poetisa chegara à praia; descalçou os chinelos que trazia, embrulhou-se melhor no casaco. Andou à beira-mar. Sentou-se na areia.
Sorriu. Tinha uma certeza - ou melhor um sentimento subjectivo e sem sustentação, mas na altura não lhe parecia haver qualquer diferença - de que alguém iria ali estar ainda naquela noite. Depois olhou. Talvez... e deixou-se enlear num desse agradáveis mantos de ilusões, como quem lê um romance ou vê uma pintura.
Havia tantas palavras por dizer, tantos versos por escrever! Com um ramo de madeira, começa por escrevinhar um poema. O último verso deixa-o. Por escrever.
2 palavras urbanas:
Para quê vir aqui deixar mais comments quando já sabes que os textos/pensamentos que deixas são sempre tão poéticos... Realmente, não podemos deixar que a história de cada um seja apagada ou simplesmente esquecida, sem que nunca tivesse existido. Mas também não podemos estar a espera que alguem repare em nós e decida escrever sobre a nossa vida. Compete-nos a nós escrever cada linha. MEsmo que o sol não brilhe, que a lua não ilumine, que o mar seja um espelho negro que absorve tudo, alguma luz se vai acender em nós, fazendo com que se desenhe um sorriso na boca.
Bia (diz-me lá os comprimidos que tomas porque eu também estava a precisar de uma dosezinha assim para me fazer escrever um bocado!)
PS: gostei da escolha do número sete (número da perfeição, dos dias da semana, das esferas/graus celestes, das pétalas da rosa, dos ramos da árvore cósmica, das cabeças da naja de Ankor, das hierarquias angelicais, da vida eterna, da totalidade do universo, do espaço e do tempo ---- está descansado que eu não vou transcrever o dicionário de símbolos que dedica quatro páginas a este número!!)
Por: Anónimo, Ã s 11:40 da tarde
já agora: mais vale comentar tarde do que nunca comentar!
((BIA))
Por: Anónimo, Ã s 11:40 da tarde
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