Uma palavra apenas
Era uma vez um escritor.
Olhou pela janela: a cidade estende-se pela rua larga em que frutificam os vendedores ilegais, com a sua mercadoria estendida sobre grandes lenços azuis, vermelhos, amarelos, cada um vendendo o que tem para vender. Os turistas regateiam os preços, depois sorriem e pagam, ou desviam-se simplesmente. A tarde está velha, quase noite, e o sol está com sono. Ao escritor tudo naqueles rostos, naqueles gestos, naquelas palavras quase gritadas lhe lembrava a perfeição das imperfeições.
À sua frente o escritor tinha uma folha em branco, completamente em branco. Foram assim os grandes romances clássicos antes de serem escritos. Era um escritor que gostava de escrever à mão, com a sua habitual caneta, companheira fiel de tantas e tantas obras. Era escritor de muitos êxitos. O seu último livro já ía na segunda tiragem, ao fim de menos de dois meses: dezasseis mil exemplares tinham sido ontem entregues nas livrarias. Mas este escritor aspirava a algo mais: queria escrever o livro dos livros, o livro final, aquele que tem nele escrito tudo o que precisa de ser escrito, aquele que esgota todas as mensagens. Sonhara com esse livro toda a sua vida, e tinha já completado setenta e seis anos sem o conseguir escrever. Olhou novamente o sol caindo sobre a linha do horizonte e soube imediatamente que era naquele dia que o ia fazer.
Corajosamente olhou a folha, lívida, aterrorizada, temendo já a tinta que mancharia a sua alva brancura. Depois pegou na caneta, concentrou-se. Na sua cabeça ferviam ideias, emoções, retalhos de livros que leu ou estava para ler ou escreveu. Sabia finalmente o que tinha que escrever.
O seu livro rei de todos os outros tinha apenas uma palavra; tudo o mais eram folhas completamente vazias, em branco. Mas ele sentia-se finalmente feliz e completo. Tinha escrito a maior obra de todas as obras.
Viveu feliz para sempre; morreu uma hora depois.
Olhou pela janela: a cidade estende-se pela rua larga em que frutificam os vendedores ilegais, com a sua mercadoria estendida sobre grandes lenços azuis, vermelhos, amarelos, cada um vendendo o que tem para vender. Os turistas regateiam os preços, depois sorriem e pagam, ou desviam-se simplesmente. A tarde está velha, quase noite, e o sol está com sono. Ao escritor tudo naqueles rostos, naqueles gestos, naquelas palavras quase gritadas lhe lembrava a perfeição das imperfeições.
À sua frente o escritor tinha uma folha em branco, completamente em branco. Foram assim os grandes romances clássicos antes de serem escritos. Era um escritor que gostava de escrever à mão, com a sua habitual caneta, companheira fiel de tantas e tantas obras. Era escritor de muitos êxitos. O seu último livro já ía na segunda tiragem, ao fim de menos de dois meses: dezasseis mil exemplares tinham sido ontem entregues nas livrarias. Mas este escritor aspirava a algo mais: queria escrever o livro dos livros, o livro final, aquele que tem nele escrito tudo o que precisa de ser escrito, aquele que esgota todas as mensagens. Sonhara com esse livro toda a sua vida, e tinha já completado setenta e seis anos sem o conseguir escrever. Olhou novamente o sol caindo sobre a linha do horizonte e soube imediatamente que era naquele dia que o ia fazer.
Corajosamente olhou a folha, lívida, aterrorizada, temendo já a tinta que mancharia a sua alva brancura. Depois pegou na caneta, concentrou-se. Na sua cabeça ferviam ideias, emoções, retalhos de livros que leu ou estava para ler ou escreveu. Sabia finalmente o que tinha que escrever.
O seu livro rei de todos os outros tinha apenas uma palavra; tudo o mais eram folhas completamente vazias, em branco. Mas ele sentia-se finalmente feliz e completo. Tinha escrito a maior obra de todas as obras.
Viveu feliz para sempre; morreu uma hora depois.
2 palavras urbanas:
nao consigo encontrar palavras para descrever aquilo que quero dizer.
nem sequer para o que estou a sentir, ou para aquilo que não quero dizer.
quando os escritores já tiveram muitos êxitos, escreveram vários livros e uns melhores que outros, sabem de certeza quais foram os piores. mas, sabem também que sem esses - os mais importantes - não sobreviveriam, nem sequer seriam tão grandes escritores. e quando chegam ao ponto mais alto a que poderíam alguma vez chegar, só podem descer. esse morreu. mas, o que é facto, é que viveu feliz. e sabia melhor que ninguém que tinha sido um grande livro. mais, o melhor.
não faz sentido, pois não?
deixa estar, já não digo coisa com coisa.
beijocas
anonymous
Por: Anónimo, Ã s 8:07 da tarde
camandro... tu tens mesmo jeitinho, hein?! deu-me que pensar um pouquinho... mas não é disso que falo, falo da tua escrita... escreves bem, bem, catano!=p
**
Por: isa xana, Ã s 4:44 da manhã
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