domingo, março 6

Time is money - and so what???

O tempo é relativo, mas toma absolutamente conta de nós. Devíamos, enfim, esquecermos o mundo a quatro dimenões, e contentarmo-nos com estas três em que nos movimentamos conscientemente, estas três dimensões espaciais; porque o tempo nos absorve e consome, sem que nós alguma vez consigamos recuá-lo ou apressa-lo. Tanto mais que esta sublime dimensão parece regozijar-se do nosso infortúnio: quando queremos que o tempo passe depressa os ponteiros do relógio são lentos, enfastiantes, demoram-se; quando queremos que o tempo seja vagaroso os ponteiros parecem saltar até posições horárias intermédias, tornando-se a uma da tarde nas três da tarde sem que pareça terem havido duas horas pelo meio.

Esta dimensão fez-nos seus escravos - para mais, temo bem que tudo seja afinal, um ciclo imenso, e que o tempo seja a mais gigantesca das ilusões humanas. Porque, pensando duas vezes, quem se lembrou de descobrir no ciclo de rotação da Terra sobre si mesma o dia, e na viagem do planeta à volta do Sol um ano? Quem, senão o homem se lembrou de se oferecer a estranha noção de que tudo passa, e de que o futuro chegará? Afinal, é apenas o mundo que se lembrou de andar a girar, a ziguezaguear por esse universo fora; e nós vimos nisso o futuro.

Este texto tende a tornar-se confuso como o tempo o é. Mas eu tento explicar de outra perspectiva: o futuro existe mesmo? Einstein provou que o tecido do tempo é permeável, e que podemos apressar o tempo, brincar com ele da mesma forma que ele brinca connosco. E que até, se conseguíssemos o impossível, poderíamos chegar a recuar ao passado. Proponho porém (enquanto nem todos possamos dominar a dimensão temporal e dela aproveitar-mo-nos) a abolição de todo o tempo, da areia que escorre nas ampulhetas à pedra que marca os sinais da sombra, os sinais do sol, da água das clepsidras aos caprichosos ponteiros de um grande relógio redondo. Proponho que façamos tudo com vagar, com a noção indefinida, animal e primitiva da vida. Sem agendas. Sem compromissos.

2 palavras urbanas:

  • o tempo, o tempo... gostei da tua proposta, mas nao sei se a conseguiria cumprir na totalidade... e é pena!

    o teu texto lembra o meu poema «O tempo»

    bêjo

    Por: Blogger isa xana, às 10:13 da tarde  

  • é isso que gosto de fazer.
    não ter horários. nada combinado. a não ser que me apeteça, e sei sempre onde encontrar tudo e todos aqueles que quero naquele momento.
    é melhor. aí, não conheço atrasos, cansaço, stress, e todas essas coisas que apeteceu ao homem inventar.
    mas de vez em quando é difícil, fugir ao tempo: na escola, no trabalho... mas, dentro do possível, há semre umaa maneira diferente de ver as coisas. ou então não..., mas isso também foi o homem que inventou. o homem é mau.

    como dizia Raul Solnado,
    "muito bom dia, boa tarde ou boa noite, consoante a hora em me está a ouvir."
    da tua amiga,
    anonymous

    Por: Anonymous Anónimo, às 3:39 da tarde  

Enviar um comentário

<< Página principal