terça-feira, fevereiro 22

Os versos

Em cima da mesa está uma vela - vê-la? A cera é de um encarnado vivo, a cor do sangue, gemendo e derretendo sob o calor da chama. Tem cuidado, não vá um desses longos suspiros apagar a vela; não pressiones o pavio entre os dedos nem sopres deliberadamente, porque esta vela quer-se acesa, como em vigília permanente. Não olhes com esses olhos, o lento marchar do fogo não agonia, é belo. Olha outra vez - vês?

A chama é pequena e amarela e alumia um poema, mas de uma forma singularmente frágil, porque as letras e as palavras se perdem na brancura da folha de papel. O oxigénio é consumido e a cera vermelha derrete em pequenas gotículas que escorregam lânguidamente com o vagar de quem toda a noite; lá fora a abóboda celeste é novamente um tecto infinito para olhares contemplativos.

No fim, num daqueles fins das histórias de encatar,
"e viveram felizes
para sempre"
a vela doura e ilumina dois versos do poema, a última, em que culminam momentos e sentimentos num grito de extâse. Lê-os, lê os versos:
"itmaybelovemaybehate,
youaretheonewhoknows ."

3 palavras urbanas:

  • Belo texto. Velas são passagens.

    Por: Blogger Avery Veríssimo, às 12:10 da tarde  

  • anes de mais devo dizer-te q assim q entrei no teu blog e escutei a tua musica senti-me muito inspirada e comecei a escrever. costumo escrever ao som de musica instrumental. essa musica é de Yann Thiersen, nao é? pelo menos pareceu-me.
    agora sim comento o teu texto. está tao bem escrito:) senti-me bem ao lê-lo. gosto de acender uma vela e ficar a olhá-la. gosto ver a chama ilumiar o espaço em volta. gosto de ver a cera derreter..

    jinhu

    Por: Blogger isa xana, às 4:23 da tarde  

  • Que lindo! Que suave! Que sentido!Que triste! Que longínquo e apesar disso tão bem construido... sempre presente e sempre ausente... na nossa memória....... Lindoooooooooo

    Ass: Ana Catarina

    Por: Anonymous Anónimo, às 7:46 da tarde  

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