i suppose
Sentado numa mesa de um café de perna traçada, um jovem olhava o céu com um ar distante. Aproximava-se, pela calçada, um velho muito marcado. Era um velho muito curvado e gasto, a testa cravada de sortes e azares e tempos e lugares. Todo o seu rosto, de resto, denunciava o cansaço de uma viagem mais longa do que se poderia descrever em poucas linhas: sob os olhos, pequenos e fechados, tinha grandes papos, na cabeça repousavam desgrenhados os cabelos brancos, a boca, pequena entre a barba, estava murcha e selada. Caminhava com um passo manco em direcção ao café, trazendo flores na cabeça.
Abeirou-se do jovem e com um sorriso manso brotando nos seus lábios finos e secos, ofereceu uma flor,
les roses
les bluets,
tirando do cesto uma rosa, e segurando-a, com os seus dedos magros, em frente à cara do jovem. O jovem não parecia, de súbito, tão distante. Olhou o velho com um sorriso terno. Na cadeira ao lado uma mulher segreda-lhe umas palavras ao ouvido com uma voz sussurada.
Sorriem todos, o velho, tão velho, lembra o passado, o jovem, sorrindo, é presente, e a senhora,
whose name is Afterwards,
é o futuro. O velho curvado sobre o jovem, e o jovem deleitando-se a ouvir as palavras da mulher. No ar misturam-se os aromas: há o perfume das flores, há o perfume das rosas, há o perfume da mulher, há o perfume do café quente sobre a mesa. A senhora quer uma flor, a senhora gosta de flores, e diz baixo ao ouvido do jovem, eu quero uma flor, e então o jovem, com uma nota presa entre o indicador e o polegar, compra ao velho a rosa e coloca-a nos cabelos negros da mulher, que resplandece agora, que vive agora.
1 palavras urbanas:
resplandece agora por causa do passado, embora ainda perto. tu também podes ser o passado, o que fez a ideia, e a expressou. eu posso ser o presente, porque, neste momento, sou a opinião. e o futuro, esse, ainda desconheço. mas sei que será as concequencias do que disse, e do que fizeste.
não mudes.
anonymous
Por: Anónimo, Ã s 5:12 da tarde
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