A paragem
Um dia parei, à berma de uma estrada qualquer. Pensei, todas as estradas são uma qualquer. Depois pensei, não me lembro do dia em que comecei a viajar. Eu não era propriamente um viajante: o viajante, mesmo que não tenha um ponto de partida preciso tem sempre um local de chegada definido. Acreditava eu então que viajava pelo prazer de viajar, mas naquele dia, em que parei à berma de uma estrada qualquer, apercebi-me de que não era bem assim. Só quando nos esquecemos do príncipio e do meio das coisas sem fim é que temos noção de que, afinal, talvez nem gostemos delas.
Deitei-me num pedaço de relva e comecei a tentar lembrar-me. Foi nessa altura que descobri uma coisa assustadora: não me lembrava de nada. Procurei na carteira mas não havia uma fotografia, um papel rabiscado, um bilhete que marcasse o local de partida. Chamaram-me muita coisa ao longo da vida mas, neste momento preciso, nada do que me chamaram se parece com o meu nome.
Estava perpetuamente preso num mundo estrangeiro, pensei. Por mais que procurasse, por mais que viajasse, não encontrava a minha língua, a minha família, os meus amigos. É assim que nos perdemos.
Deitado num pedaço de relva vi o sol extinguir-se e espelhar-se na lua. Procurava nas estrelas uma explicação, um sentido. Naquela noite nem as palavras faziam sentido. Sozinhas pareciam não existir e por mais que as tentasse juntar apareciam-me sempre desconexas, absurdas. Tentei dormir, mas os meus olhos não se fecharam. Decidi-me a ficar à espera.
Ela apareceu, como se fosse a lua, ou um pedaço de noite. Disse:
– Aqui é o teu lar.
Não percebi o que ela quis dizer, mas naquele momento o entendimento pareceu-me muito pouco importante.
Deitei-me num pedaço de relva e comecei a tentar lembrar-me. Foi nessa altura que descobri uma coisa assustadora: não me lembrava de nada. Procurei na carteira mas não havia uma fotografia, um papel rabiscado, um bilhete que marcasse o local de partida. Chamaram-me muita coisa ao longo da vida mas, neste momento preciso, nada do que me chamaram se parece com o meu nome.
Estava perpetuamente preso num mundo estrangeiro, pensei. Por mais que procurasse, por mais que viajasse, não encontrava a minha língua, a minha família, os meus amigos. É assim que nos perdemos.
Deitado num pedaço de relva vi o sol extinguir-se e espelhar-se na lua. Procurava nas estrelas uma explicação, um sentido. Naquela noite nem as palavras faziam sentido. Sozinhas pareciam não existir e por mais que as tentasse juntar apareciam-me sempre desconexas, absurdas. Tentei dormir, mas os meus olhos não se fecharam. Decidi-me a ficar à espera.
Ela apareceu, como se fosse a lua, ou um pedaço de noite. Disse:
– Aqui é o teu lar.
Não percebi o que ela quis dizer, mas naquele momento o entendimento pareceu-me muito pouco importante.
1 palavras urbanas:
Eu li atentamente e quero continuar a ler.Este não é dos textos que mais gosto. Mesmo que espaçando as tuas intervenções não as abandones completamente.
Uma incondicional
Por: Anónimo, Ã s 5:35 da tarde
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