O meu espanto
"Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam"
Este blog já tem dois meses. É espantoso verificar como a efeméride não foi devidamente celebrada ou notada. É ainda mais espantoso constantar que o blog se mantêm. Isto porque, quando me surgem novas ideias de criação, também se gera em mim um impulso destrutivo. Nada de radical ou violento. Talvez por falta de espaço para criar algo novo, sinto a simples necessidade de desfazer o que é antigo.
O ano passado, na disciplina de Filosofia - um nome pomposo para uma área lectiva, como se houvesse espaço para o pensamento livre numa escola portuguesa - foi-me ensinado que um orador não dispensa o auditório, porque é do auditório orador que nasce nova oração no orador orador. Quero dizer, neste jeito propositadamente intrincado, que é da resposta do auditório que nasce o assunto para nova exposição do orador. É um diálogo.
Eu dialogo com o mundo. Talvez por isso ainda não o tenha dispensado. Mantenho-o sempre junto de mim, como que vivendo nele, e de vez em quando ele fala comigo e eu respondo-lhe. Com este blog não conheço auditório. Talvez ele more do outro lado silencioso, como as árvores em dias parados e sem vento ou talvez do outro lado seja só o vento sem árvores. Mas mesmo assim não cedi a apetites devastadores. É só o que me espanta. Porque até realiza ter algo criado que se possa encerrar; ou algo criado em que se possa publicar.
Gostaria que expusessem neste "post" as vossas opiniões no competo geral sobre estes últimos dois meses. Que dêem sinal de que ouvem, mesmo que mais não seja, porque esse ouvir em silêncio já satisfazia o Padre António Vieira, grande senhor da língua portuguesa, e também com esse me terei que satisfazer.
Pe. António Vieira
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Este blog já tem dois meses. É espantoso verificar como a efeméride não foi devidamente celebrada ou notada. É ainda mais espantoso constantar que o blog se mantêm. Isto porque, quando me surgem novas ideias de criação, também se gera em mim um impulso destrutivo. Nada de radical ou violento. Talvez por falta de espaço para criar algo novo, sinto a simples necessidade de desfazer o que é antigo.
O ano passado, na disciplina de Filosofia - um nome pomposo para uma área lectiva, como se houvesse espaço para o pensamento livre numa escola portuguesa - foi-me ensinado que um orador não dispensa o auditório, porque é do auditório orador que nasce nova oração no orador orador. Quero dizer, neste jeito propositadamente intrincado, que é da resposta do auditório que nasce o assunto para nova exposição do orador. É um diálogo.
Eu dialogo com o mundo. Talvez por isso ainda não o tenha dispensado. Mantenho-o sempre junto de mim, como que vivendo nele, e de vez em quando ele fala comigo e eu respondo-lhe. Com este blog não conheço auditório. Talvez ele more do outro lado silencioso, como as árvores em dias parados e sem vento ou talvez do outro lado seja só o vento sem árvores. Mas mesmo assim não cedi a apetites devastadores. É só o que me espanta. Porque até realiza ter algo criado que se possa encerrar; ou algo criado em que se possa publicar.
Gostaria que expusessem neste "post" as vossas opiniões no competo geral sobre estes últimos dois meses. Que dêem sinal de que ouvem, mesmo que mais não seja, porque esse ouvir em silêncio já satisfazia o Padre António Vieira, grande senhor da língua portuguesa, e também com esse me terei que satisfazer.
3 palavras urbanas:
Em resposta ao teu comentário João, quero só dizer que:
- os erros ortográficos não são, obviamente, propositados, mas quando os faço, geralmente dou conta deles... depois de publicado o texto, evidentemente, uma vez que raramente revejo os meus textos;
- agradeço os outros comentários sinceramente, e tenho andado atento ao teu blog... Vou lá quase todos os dias (o que prova que sou uma pessoa pouco ocupada). Nem sempre me surgem é palavras perante tamanhas pérolas da blogosfera!...
Por: Unknown, Ã s 1:09 da tarde
André, estou perfeitamente encantado com a leitura dos teus textos; com a visão espacial e subjectiva das visões, com o imaginário narrativo com as interrogações que colocas, bem próprio de um espirito inquieto e inquietante também! Faz bem ler os textos porque se sente o prazer que tiveste em escrevê-los e isso contagia-nos e abrasa-nos! É um rio de luz e sombras que, no fundo, é o perene drama do ser humano aqui e agora. Gostei e vou ser leitor assiduo.
Por: Anónimo, Ã s 3:55 da tarde
tens aqui uma verdadeira obra. este blog é muito fixe. verdadeiro, sonhador, e espetacular.tratas as palavras como coisas não só preciosas mas mais do que isso: trata-las como amigas. e cuidas de cada uma delas com verdadeira atenção, e acho que isso é uma das coisas mais importantes e de melhor que o blog tem. parabéns, webdreamer
continua assim.
jocas,
anonymous
Por: Anónimo, Ã s 8:07 da tarde
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