Sinfonia No. 1 em D maior
Um rubor mais intenso preencheu as faces de um rosto tão criança. Suava todo paixão e arte. De infantil só não tinha as mãos finas e brancas, de dedos longos, de pianista - porventura disformes, mas tão belas, aquelas mãos! - que estendia pelas teclas brancas e pretas do piano com um talento instintivo. O mestre tinha os olhos fixos no pequeno Hans e na música improvisada que abandonava a cauda distante e negra do piano com uma melódica suavidade.
As mãos de Hans continuavam a dança sobre aquele doce céu de baunilha e chocolate, as mãos também elas cantantes e melódicas, flutuando, enchendo o ar de notas tão fluídas e naturais que pareciam existir desde a criação do Mundo. Tanto que o Conselheiro abandonou de imediato a sala, desajeitado e trouxe Sua Sereníssima e Altíssima Majestade para ouvir aquele harmónico rio que descia pelo comprido piano de cauda.
Sua Sereníssima e Altíssima Majestade infelizmente não entendia nada de música, tinha um ouvido desgraçado, e uma inabilidade inata para tudo o que exigisse esforço. Estava ali disposto a aplaudir o que o Conselheiro aplaudisse. De resto apenas se vangloriava nas cortes estrangeiras de ser o grande mecenas dos grandes artistas, muitos dos quais, afinal, achava maçadores, mas que tolerava porque o Conselheiro lhe segredava ao ouvido, Óptimo músico não acha? Os nossos serões musicais são certamente invehados em toda a Europa, e então ele fazia um sorriso cansado e enfastiado e respondia que sim, que sim, que eram realmente muito bons.
Mas aquilo era diferente, completamente diferente. E mesmo a Sua Sereníssima e Altíssima Majestade pareceu a música divina. Era realmente maravilhosa. E com que destreza fazia do repetido martelar das cordas música aquele rapaz! As teclas brancas perdiam-se na alvura das suas mãos, prolongamento inevitável...
Sim, sim, disse Sua Sereníssima e Altíssima Majestade, sim, sim, temos que o ter cá, na corte, trate disso, e o mestre sorriu, sim, sim, agora todos os teatros do país abririam as suas portas ao púpilo, e ele próprio granjearia da fama que como pianista nunca conseguira obter.
As mãos de Hans continuavam a dança sobre aquele doce céu de baunilha e chocolate, as mãos também elas cantantes e melódicas, flutuando, enchendo o ar de notas tão fluídas e naturais que pareciam existir desde a criação do Mundo. Tanto que o Conselheiro abandonou de imediato a sala, desajeitado e trouxe Sua Sereníssima e Altíssima Majestade para ouvir aquele harmónico rio que descia pelo comprido piano de cauda.
Sua Sereníssima e Altíssima Majestade infelizmente não entendia nada de música, tinha um ouvido desgraçado, e uma inabilidade inata para tudo o que exigisse esforço. Estava ali disposto a aplaudir o que o Conselheiro aplaudisse. De resto apenas se vangloriava nas cortes estrangeiras de ser o grande mecenas dos grandes artistas, muitos dos quais, afinal, achava maçadores, mas que tolerava porque o Conselheiro lhe segredava ao ouvido, Óptimo músico não acha? Os nossos serões musicais são certamente invehados em toda a Europa, e então ele fazia um sorriso cansado e enfastiado e respondia que sim, que sim, que eram realmente muito bons.
Mas aquilo era diferente, completamente diferente. E mesmo a Sua Sereníssima e Altíssima Majestade pareceu a música divina. Era realmente maravilhosa. E com que destreza fazia do repetido martelar das cordas música aquele rapaz! As teclas brancas perdiam-se na alvura das suas mãos, prolongamento inevitável...
Sim, sim, disse Sua Sereníssima e Altíssima Majestade, sim, sim, temos que o ter cá, na corte, trate disso, e o mestre sorriu, sim, sim, agora todos os teatros do país abririam as suas portas ao púpilo, e ele próprio granjearia da fama que como pianista nunca conseguira obter.