Liberdade!
Mas quando, quase que pela ciência do pensamento, me sinto livre, é como se o fosse de facto. Assim que cessa este exercício do pensamento, dou-me finalmente como livre para pensar na liberdade dos outros. Ela não me pertence nem tão pouco me diz respeito, mas como pessoa suficientemente livre que me penso, tenho a liberdade de pensar a liberdade dos outros. Ela não me diz respeito porque não beneficio dela, e porque iniciando uma saga solitária para a aumentar acabarei por me aperceber que, sozinho, pouco a posso mudar.
Mas se eu tenho a liberdade de me pensar livre, porque não hão-de os outros de ter tanta liberdade como eu de se julgarem livres? Não é uma questão de nos sujeitarmos às ordens ou ovirmos as ordens dos "outros" que extingue a nossa liberdade. É o facto de fazermos das ordens e opiniões dos "outros" o padrão de comportamento da nossa vida que nos estrangula os movimentos. Deixarmo-nos obcecar, hipnotizar, deixar o nosso comportamento ser escravizado pelas palavras alheias, isso sim, é o que nos limita as opções. Sem escolhas é tudo sempre mais simples. Talvez seja por isso que as pessoas se deixam dominar, invadir por palavras.